Guerras

quarta-feira, 13 de abril de 2011

I Reinado no Brasil

Sucessão em Portugal



Período inicial do Império, estende-se da independência, em 1822, até a abdicação de dom Pedro I, em 1831. Aclamado primeiro imperador do país em 12 de outubro de 1822, dom Pedro I enfrenta a resistência de tropas portuguesas. Ao vencê-las, em meados do ano seguinte, consolida sua liderança.

Seu primeiro ato político importante é a convocação da Assembléia Constituinte, eleita no início de 1823. É também seu primeiro fracasso: em conseqüência de uma forte divergência entre os deputados brasileiros e o soberano, que exigia um poder pessoal superior ao do Legislativo e do Judiciário, a Assembléia é dissolvida em novembro. A Constituição é outorgada pelo imperador em 1824. Contra essa decisão se rebelam algumas províncias do Nordeste, lideradas por Pernambuco. A revolta, conhecida pelo nome de Confederação do Equador, é severamente reprimida pelas tropas imperiais.

Embora a Constituição de 1824 determine que o regime vigente no país seja liberal, o governo é autoritário. Freqüentemente, dom Pedro impõe sua vontade aos parlamentares e aos partidos políticos. Esse impasse constante gera crescente conflito com os liberais brasileiros, que passam a vê-lo cada vez mais como um governante absolutista. Os problemas de dom Pedro I agravam-se a partir de 1825, com a derrota do Brasil na Guerra da Cisplatina. A perda da província da Cisplatina e a independência do Uruguai, em 1828, além das dificuldades econômicas, levam as elites políticas a reagir contra as medidas personalistas do imperador.

            Sucessão em Portugal – Além disso, após a morte de seu pai, dom João VI, em 1826, dom Pedro envolve-se cada vez mais na questão sucessória em Portugal. Do ponto de vista português, ele continua herdeiro da Coroa. Para os brasileiros, o imperador não tem mais vínculos com a antiga metrópole, porque, ao proclamar a independência, havia renunciado à herança lusitana. Depois de muita discussão, dom Pedro formaliza essa renúncia e abre mão do trono de Portugal em favor de sua filha Maria da Glória.

Ainda assim, a questão passa a ser uma das grandes bandeiras da oposição liberal brasileira. Nos últimos anos da década de 1820, essa oposição cresce. O imperador procura apoio nos setores portugueses instalados na burocracia civil-militar e no comércio das principais cidades do país. Incidentes políticos graves, como o assassinato do jornalista oposicionista Líbero Badaró em São Paulo, em 1830, tornam a posição do imperador mais difícil: o crime é cometido a mando de policiais ligados ao governo imperial, e dom Pedro é responsabilizado pela morte.

Sua última tentativa de recuperar prestígio político é frustrada pela má recepção que teve durante visita a Minas Gerais na virada de 1830 para 1831. A intenção era fechar um acordo com os políticos da província, mas é recebido com frieza. Alguns setores da elite mineira fazem questão de ligá-lo ao assassinato do jornalista. Revoltados, os portugueses instalados no Rio de Janeiro promovem manifestação pública em desagravo ao imperador, após seu retorno de Minas. Isso desencadeia uma retaliação dos setores anti-lusitanos. Há tumultos e conflitos de rua na cidade. Dom Pedro reage e promete punições. Mas não consegue sustentação política e é aconselhado por seus ministros a renunciar ao trono brasileiro. Ele abdica em 7 de abril de 1831. No dia seguinte embarca para Portugal.

A Família Real e a Corte Portuguesa no Brasil

Principais medidas, Política externa



A família real e a administração portuguesa permanecem no Brasil de 1808 a 1821. O deslocamento do governo metropolitano para a colônia é provocado pela conjuntura européia durante o período napoleônico e influencia diretamente o processo da independência.

Dom João é o regente do reino, no lugar da mãe, dona Maria I, incapacitada para o cargo por sofrer de problemas mentais. Em novembro de 1807, tropas francesas invadem o território português em conseqüência da aliança de Portugal com a Inglaterra, país contra o qual o imperador francês Napoleão Bonaparte havia decretado um bloqueio comercial. Com o apoio da esquadra britânica, dom João transfere o governo e a corte para o Brasil. Chega à Bahia em janeiro de 1808, instalando-se dois meses depois no Rio de Janeiro.

Principais medidas – Entre as primeiras decisões tomadas por dom João, estão a abertura dos portos às nações amigas, a fundação do Banco do Brasil e do Jardim Botânico e a permissão para o funcionamento de fábricas e manufaturas. Em 1810 é assinado um acordo que concede tarifas preferenciais às mercadorias inglesas.

Nos anos seguintes, dom João cria a Academia Militar e da Marinha, a Biblioteca Real e a Impressão Régia. Em 1815 eleva o Brasil à condição de Reino Unido. O artifício é utilizado para que a monarquia portuguesa esteja formalmente representada no Congresso de Viena, que reorganiza o mapa político da Europa após a derrota de Napoleão. Um ano depois recebe no Rio de Janeiro a Missão Francesa, um grupo de artistas e intelectuais, entre eles Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay.

Política externa – Dom João desenvolve no Brasil estratégias expansionistas contra os interesses da França bonapartista e manda invadir a Guiana Francesa em 1809. Com o objetivo de se tornar regente do Império colonial espanhol na América, ou de parte dele, enquanto durasse a ocupação da Espanha por Napoleão, envia forças navais para sitiar Montevidéu e ocupar a Banda Oriental (atual Uruguai), território integrante do antigo Vice-Reinado do Prata. Com a independência da Argentina, em 1816, o Vice-Reinado se desagrega, e o Brasil anexa a Banda Oriental a seu território, em 1821, como Província Cisplatina.

Após a morte da mãe, o regente é coroado dom João VI no Rio de Janeiro em 1818. Em 1820 irrompe em Portugal a Revolução do Porto, movimento liberal e antiabsolutista da burguesia. Depois de convocar em Lisboa as Cortes Constituintes, o governo revolucionário impõe ao rei o juramento antecipado da primeira Constituição portuguesa e exige sua volta. Dom João VI jura seguir a futura Carta e regressa à metrópole em 26 de abril de 1821, deixando dom Pedro, seu filho mais velho, como regente do Reino Unido do Brasil.




Império Napoleônico

Antecedentes, O Império, Decadência



Império estabelecido por Napoleão Bonaparte na França, entre 1804 e 1815. Resultado da Revolução Francesa, dissemina os ideais da burguesia em ascensão pela Europa. Com política expansionista, o Império estende-se por todo o continente em seu apogeu, por volta de 1810. Chega ao fim com a derrota francesa na Batalha de Waterloo.

            Antecedentes – Líder militar de sucesso, Napoleão ganha prestígio e apoio popular nas guerras da França contra a Itália e a Áustria (1796-1797) e contra o Egito (1798). Por isso é escolhido pela burguesia francesa para solucionar a grave crise que se havia instalado no governo revolucionário. Em 1799, Napoleão dá um golpe de Estado, conhecido como Golpe do 18 Brumário (data que corresponde ao calendário estabelecido pela Revolução Francesa e equivale a 9 de novembro do calendário gregoriano). A Constituição republicana é suprimida e substituída por outra, autoritária, concentrando todo o poder nas mãos do primeiro-cônsul, cargo que ele passa a ocupar. Nesse período, chamado de Consulado (1799-1804), Napoleão realiza obras de pacificação e de organização dos territórios franceses. Participa da redação do Código Civil, que confirma a vitória da revolução burguesa e influencia a legislação de todos os países europeus no século XIX. Institui os princípios de igualdade, de propriedade das terras, das heranças, a tolerância religiosa e o divórcio. No exterior assina tratados de paz com a Áustria (1801) e com a Inglaterra (1802).

            O Império – O Império Napoleônico nasce de forma oficial em 1804, quando um plebiscito referenda o primeiro-cônsul como imperador da França. Napoleão é sagrado pelo papa Pio VII na Catedral de Notre Dame, em dezembro do mesmo ano. Coroado sob o nome de Napoleão I, preocupa-se em consolidar seu poder, modernizar a França e retomar a tradição do despotismo esclarecido.

            A convivência com as potências européias torna-se insustentável por causa da política de guerra permanente do Império, que leva à formação de coalizões contra os franceses.

Napoleão I tenta invadir a Inglaterra, mas é derrotado. Volta-se, então, para a Europa Central. Vence a Áustria na Batalha de Austerlitz. Por meio de guerras e acordos, domina a Itália, a Holanda (Países Baixos) e boa parte da Alemanha. Após invadir a Prússia oriental e a Polônia (1806), Napoleão obriga a Rússia a aliar-se à França contra os ingleses e estabelece um bloqueio continental que impede o comércio de mercadorias inglesas na Europa.

            O expansionismo gera novas dificuldades. Em 1809, o Exército imperial enfrenta rebeliões militares na Espanha e assiste à formação de uma nova coalizão contra o Império. No mesmo ano, Napoleão derrota novamente a Áustria e assina a Paz de Viena. A aproximação dos dois Estados é reforçada pelo casamento do imperador com a arquiduquesa Maria Luísa da Áustria. Em 1810, o Império Napoleônico atinge o máximo de seu poder, com a anexação da Holanda e do litoral alemão. Nessa época, o Império tem 71 milhões de habitantes, dos quais apenas 27 milhões são franceses.

Decadência – Em 1812, a aliança franco-russa é quebrada pelo czar Alexandre, que rompe o bloqueio contra os ingleses. Napoleão empreende então a campanha contra a Rússia. Entra em Moscou e, durante a retirada, o frio e a fome dizimam grande parte do Exército francês. Enquanto isso, na França, o general Malet, apoiado por setores descontentes da burguesia e da antiga nobreza francesas, arma uma conspiração para dar um golpe de Estado contra o imperador. Napoleão retorna imediatamente a Paris e controla a situação. Mas, no exterior, o Império começa a decair. Tem início então a luta da coalizão européia contra a França. Com a capitulação de Paris, o imperador é obrigado a abdicar. O Tratado de Fontainebleau, de 1814, exila Napoleão na ilha de Elba, de onde foge no ano seguinte. Desembarca na França com um Exército e reconquista o poder. Inicia então o Governo dos Cem Dias. A Europa coligada retoma sua luta contra o Exército francês. Napoleão entra na Bélgica em junho de 1815, mas é derrotado pelos ingleses na Batalha de Waterloo e abdica pela segunda vez, pondo fim ao Império Napoleônico. Após a derrota de Napoleão, o Congresso de Viena (1815) reúne as potências vitoriosas com o objetivo de reorganizar o mapa político da Europa. Sob a liderança de Inglaterra, Áustria, Prússia e Rússia são restauradas dinastias e fronteiras alteradas pelas guerras napoleônicas. A Santa Aliança, organização política internacional, é criada para impedir novos movimentos revolucionários.




Revolução Francesa

Antecedentes, Tomada da Bastilha, Girondinos e jacobinos, Monarquia constitucional, República jacobina, Burguesia no poder

            Revolução social e política que acontece na França de 1789 a 1799. Sob o lema Liberdade, Igualdade e Fraternidade, a burguesia revolta-se contra a monarquia absolutista e, com o apoio popular, toma o poder, instaurando a I República – chamada Mariana. Os revolucionários acabam com os privilégios da nobreza e do clero e livram-se das instituições feudais do Antigo Regime.

            Antecedentes – No final do século XVIII, cerca de 98% da população pertence ao Terceiro Estado, que reúne grandes e pequenos burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses.

Ele arca com os pesados impostos que sustentam o rei, o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado). A população também sofre com os abusos do absolutismo de Luís XVI (1754-1793). A burguesia detém o poder econômico, mas perde as disputas políticas para o clero e a nobreza, que se aliam nas votações – um voto para cada Estado. Estimulada pelos ideais do iluminismo, revolta-se contra a dominação da minoria. A partir de 1786, o país enfrenta uma série de dificuldades econômicas, como a crise da indústria e uma seca que reduz a produção de alimentos. Em 1788, o rei convoca a Assembléia dos Estados Gerais, um ano depois que os nobres, na Assembléia dos Notáveis, se recusam a aceitar medidas contra seus privilégios.

            Tomada da Bastilha – Os Estados Gerais começam seus trabalhos em maio de 1789, no Palácio de Versalhes. Em junho, a disposição de liquidar o absolutismo e realizar reformas leva a bancada do Terceiro Estado a autoproclamar-se Assembléia Nacional Constituinte. A população envolve-se, e as revoltas em Paris e no interior, causadas pelo aumento do preço do pão, resultam na Tomada da Bastilha, em 14 de julho, marco inicial da Revolução. Grande parte da nobreza sai do país. Em agosto de 1789, a Constituinte anula os direitos feudais ainda existentes e aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Em setembro de 1791 é finalizada a Constituição, que conserva a Monarquia, mas institui a divisão do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), proclama a igualdade civil e confisca os bens da Igreja.

            Girondinos e jacobinos – A unidade inicial do Terceiro Estado contra o Antigo Regime dá lugar a uma complexa composição partidária, que evolui conforme os vários momentos da revolução. Os girondinos, que se sentam à direita do plenário, representam a alta burguesia, são mais conservadores e combatem a ascensão dos sans-culottes (o povo). Os jacobinos, à esquerda, representam a pequena e média burguesia e buscam ampliar a participação popular no governo. Republicanos radicais são liderados por Robespierre (1758-1794) e apoiados pelos cordeliers, líderes das massas populares de Paris. Os deputados do centro, que oscilam entre jacobinos e girondinos, recebem o apelido de grupo do pântano.

            Monarquia constitucional – Em abril de 1792, os monarquistas patrocinam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de voltar ao poder. Austríacos e prussianos invadem a França com o apoio secreto de Luís XVI, mas são derrotados pelos populares. Os sans-culottes, liderados por Marat (1743-1793), Robespierre e Danton (1759-1794), assumem o governo. Criam a Comuna de Paris em agosto de 1792 e organizam as guardas nacionais. Radicaliza-se a oposição aos nobres, considerados traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execuções em massa.

            República jacobina – Forma-se nova Assembléia, a Convenção, entre 1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem força, e a maioria fica com os jacobinos, liderados por Robespierre e Saint-Just (1767-1794). Os montanheses, uma facção dos jacobinos, proclamam a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em janeiro de 1793. Começa o Período do Terror, que dura de junho de 1793 a julho de 1794. Sob o comando ditatorial de Robespierre são criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores. A Comuna aprisiona e guilhotina 22 líderes girondinos e até jacobinos, como Danton e Desmoulins (1760-1794), acusados de conspiração. Poucos meses após a morte de Danton, em julho de 1794 – dia 9 do novo mês Termidor –, Robespierre e Saint-Just também são presos e guilhotinados.

Com a execução de Robespierre chega ao fim a supremacia jacobina. Os girondinos, em aliança com o grupo do pântano, instalam no poder a alta burguesia.

            Burguesia no poder – Os clubes jacobinos são fechados e nova Constituição é redigida (1795), instituindo outro governo, o Diretório (1795-1799), que consolida as aspirações da burguesia. Nesse período, o país sofre ameaças externas. Para manter seus privilégios, a burguesia entrega o poder a Napoleão Bonaparte. Mesmo com a queda do Império Napoleônico, em 1815, e a ameaça de restauração monárquica pelas potências européias vencedoras, a burguesia retoma o controle do governo francês em 1830. O Estado burguês, construído por Napoleão Bonaparte, permanece. Para muitos historiadores, a Revolução Francesa é o auge de um amplo movimento revolucionário que consolida uma sociedade capitalista, liberal e burguesa. Atinge outros países, como a Inglaterra e os EUA, e chega à França com maior violência e ideais mais bem delineados. Os movimentos pela independência da América Espanhola também são reflexo dessas transformações.


Quebra da bolsa de Nova York

Antecedentes, O crack, New Deal, Reflexos da crise



Marco de uma grave crise econômica nos EUA, com repercussão mundial, que acontece em 24 de outubro de 1929. O crack da Bolsa de Nova York causa o desemprego de 13 milhões de pessoas e mergulha o país em uma séria depressão.

Antecedentes – A crise é o desfecho de um período de grande expansão dos EUA, que, após a I Guerra Mundial, assumem a hegemonia econômica do mundo. O aumento da produção industrial, a melhora do poder aquisitivo da população e a liberalização do crédito provocam explosão de consumo. Os investidores, atraídos pela expansão das empresas, tomam empréstimos bancários para comprar ações e revendê-las com lucro. Esse processo especulativo faz com que, de 1925 a 1929, o valor das ações das empresas suba de US$ 27 bilhões para US$ 87 bilhões. A capacidade de consumo interno não acompanha o crescimento da produtividade, resultando em enorme excedente. O preço dos produtos agrícolas começa a baixar, o que ocasiona a falência de fazendeiros. As indústrias reduzem a produção, gerando muito desemprego. Os acionistas, alarmados com a situação das empresas, procuram vender todos os papéis na bolsa.

            O crack – A expansão do crédito bancário e a especulação financeira nos EUA atingem o limite com a quebra da Bolsa de Nova York. Ela provoca a falência de 9.096 bancos e 85 mil empresas, além da queda de 85% na cotação das ações entre 1929 e 1932. A redução de salários chega a 60% em 1932. A baixa do preço de matérias-primas e a diminuição das exportações e dos créditos norte-americanos a outros países dão amplitude mundial à crise.

            New Deal – No auge da crise, em 1933, Franklin Roosevelt assume a Presidência dos EUA. Ele inicia um programa de reformas econômicas e sociais conhecido como New Deal (Novo Acordo), influenciado pelas idéias do economista inglês John Keynes. Roosevelt cria mecanismos de controle de crédito e um banco para financiar as exportações. Entre outras medidas, fixa salários mínimos, limita a jornada de trabalho e amplia o sistema de previdência social. Em 1937, o número de desempregados havia sido reduzido quase à metade, a renda nacional crescido 70% e a produção industrial, 64%.

            Reflexos da crise – Desde o fim da I Guerra Mundial, os EUA são os maiores credores e financiadores das nações capitalistas européias. Assim, a crise econômica alastra-se com rapidez pelos países que dependiam fortemente do capital norte-americano. No Reino Unido, em 1931, e na Alemanha, em 1932, o desemprego chega a atingir 25% da força de trabalho. Para enfrentar a crise, esses dois países e a França seguem o modelo norte-americano de interferência do Estado na economia e instituem políticas de bem-estar social. Por outro lado, essa crise diminui o prestígio da democracia em vários países e acaba por encorajar movimentos extremistas, como o fascismo, na Itália, e o nazismo, na Alemanha. No Brasil, o corte dos empréstimos necessários à política de valorização do café e a impossibilidade de exportar o produto para os EUA contribuem para a derrubada da República Velha e a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

Nazismo

Nazismo e Neonazismo



Regime político de caráter totalitário que se desenvolve na Alemanha durante as sucessivas crises da República de Weimar, entre 1919 e 1933. Baseia-se na doutrina do

nacional-socialismo, formulada por Adolf Hitler, que orienta o programa do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP). De caráter nacionalista, defende o racismo, a superioridade da raça ariana e a luta pelo expansionismo alemão e nega as instituições da democracia liberal e a revolução socialista. A essência da ideologia nazista encontra-se no livro de Hitler, Minha Luta (Mein Kampf).

            Ao final da I Guerra Mundial, além de perder territórios para França, Polônia, Dinamarca e Bélgica, os alemães são obrigados pelo Tratado de Versalhes a pagar altas indenizações aos países vencedores. Essa penalidade faz crescer a dívida externa e compromete os investimentos internos, gerando falências, inflação e desemprego em massa. As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de gabinetes de orientação social-democrata criam condições favoráveis ao surgimento e à expansão do nazismo no país. O NSDAP, utilizando-se de espetáculos de massa (comícios e desfiles) e dos meios de comunicação (jornais, revistas, rádio e cinema), consegue mobilizar a população por meio do apelo à ordem e ao revanchismo. Recebe ajuda da grande burguesia, que teme o movimento operário. Favorecidos por uma divisão dos partidos de esquerda, os nazistas são vitoriosos nas eleições de 1932. Em 1933, Hitler é nomeado primeiro-ministro, com o auxílio de nacionalistas, católicos e setores independentes. Um ano depois se torna chefe de governo (chanceler) e chefe de Estado (presidente). Interpreta o papel de führer, o guia do povo alemão, criando o III Reich (III Império).

            Com poderes excepcionais, Hitler suprime todos os partidos políticos, exceto o nazista; dissolve os sindicatos; cassa o direito de greve; fecha os jornais de oposição; e estabelece a censura à imprensa. Apoiando-se em organizações paramilitares, SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo (polícia política), realiza perseguições aos judeus, aos sindicatos e aos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos. O intervencionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminam, no entanto, o desemprego e impedem a retirada do capital estrangeiro do país. Há um acelerado desenvolvimento industrial, que estimula a indústria bélica e a edificação de obras públicas. Esse crescimento se deve em boa parte ao apoio dos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a Adolf Hitler. Em desrespeito ao Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório, em 1935, remilitariza o país e envia tanques e aviões para amparar as forças conservadoras do general Francisco Franco durante a Guerra Civil Espanhola, em 1936.

Nesse mesmo ano promove o extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração. Anexa a Áustria e a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à II Guerra Mundial.

Terminado o conflito, instala-se na cidade alemã de Nürenberg um tribunal internacional para julgar os crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Realizam-se 13 julgamentos entre 1945 e 1947, 25 alemães são condenados à morte, 20 à prisão perpétua, 97 a penas curtas de prisão e 35 são absolvidos. Dos 21 principais líderes nazistas capturados, dez são executados por enforcamento em 16 de outubro de 1946.

NEONAZISMO
            Neonazismo – A partir dos anos 80, na Europa, há uma retomada de movimentos autoritários e conservadores denominados neonazistas, principalmente na Alemanha, Áustria, França e Itália. Eles são favorecidos, entre outros motivos, pela imigração, pela recessão, pelo desemprego e pelo ressurgimento de velhos preconceitos étnicos e raciais.

Manifestam-se de forma violenta e têm nos estrangeiros o alvo preferencial de ataque. Em determinados países, os movimentos neonazistas valem-se também da via institucional parlamentar, como o partido político Frente Nacional, na França. No Brasil, carecas, skinheads e white power são alguns dos grupos em evidência nos grandes centros urbanos, promovendo ataques verbais, pichações e agressões dirigidas principalmente contra os migrantes nordestinos, homossexuais, lésbicas e outras minorias.




terça-feira, 12 de abril de 2011

Revolução Russa


Queda da Monarquia, Bolcheviques no poder, Consolidação da revolução

Movimento revolucionário na Rússia que tem início em 1917, com a queda do czarismo, e termina com o estabelecimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), o primeiro país socialista do mundo, em 1922. Começa em 27 de fevereiro de 1917, pelo calendário russo (12 de março, no ocidental), com a Revolução de Fevereiro, que força a abdicação do czar. Em 25 de outubro, sempre pelo calendário russo, a Revolução de Outubro instaura a ditadura do proletariado, surgindo, assim, a fase socialista.
            Queda da Monarquia – A Rússia anterior à revolução abriga vários povos, etnias e culturas. Seu território é propriedade da nobreza. A população rural representa 80% dos habitantes. O avanço da industrialização, por outro lado, faz crescer o número de proletários. As dificuldades econômicas e políticas estimulam idéias revolucionárias contra o regime czarista. Os gastos com a I Guerra Mundial diminuem investimentos e elevam preços, aumentando os conflitos internos, reprimidos violentamente. A fome chega às cidades e há greves em quase todo o país. A insatisfação alcança o auge em fevereiro de 1917. O Exército nega-se a marchar contra o povo e, no dia 27, pelo calendário russo, o czar Nicolau II abdica. O governo é disputado pela burguesia, por meio do Comitê Provisório da Duma (espécie de Parlamento) e pelos socialistas do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), divididos entre os bolcheviques (que defendem a revolução imediata) e os mencheviques (que querem a revolução gradual, mediante reformas). Os socialistas organizam operários, soldados e camponeses em conselhos, chamados de sovietes. Os sovietes de fábricas e de aldeias elegem representantes para conselhos regionais, que, por sua vez, se organizam nacionalmente no Congresso dos Sovietes de Operários, Soldados e Camponeses. Por fim, instala-se um governo provisório composto de ministros liberais e do socialista moderado Aleksandr Kérenski (1881-1970). Mas a crise interna prossegue, com a insistência do governo em seguir na guerra. Cresce a liderança de Lênin, o maior representante dos bolcheviques. Ele defende a saída da guerra, o fortalecimento dos sovietes e o confisco das grandes propriedades rurais para distribuir aos camponeses. A influência dos sovietes nas fábricas e na Marinha aumenta. Os bolcheviques ganham força, levantando como palavra de ordem "Pão, Terra e Trabalho". O governo reprime manifestações e persegue os bolcheviques, forçando Lênin a asilar-se na Finlândia. O fracasso na guerra provoca mudanças no governo, que passa de liberal a socialista moderado, sob a chefia de Kérenski e com o apoio dos mencheviques.
            Bolcheviques no poder – Em setembro, Leon Trótski, presidente do soviete de Petrogrado (ex-São Petersburgo), cria a Guarda Vermelha. Lênin volta clandestinamente para o país e convence o comando bolchevique a partir para a revolução, defendendo que o poder passe aos sovietes. A resistência de Kérenski em Moscou é vencida em 25 de outubro (7 de novembro). Os bolcheviques tomam o poder em 7 de novembro e instituem o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin. Trótski assume o Comissariado das Relações Exteriores e Josef Stálin, o das Nacionalidades. Os bolcheviques iniciam a mudança do sistema político e econômico, concedendo aos camponeses o direito exclusivo de exploração das terras. Transferem o controle das fábricas aos operários, expropriam as indústrias e nacionalizam os bancos. Moscou passa a ser a capital do país, em substituição a Petrogrado.
Em março de 1918, o governo assina a paz em separado com a Alemanha, aceitando entregar a Polônia, a Ucrânia e a Finlândia. Sofre em seguida reação armada de ampla frente que reúne de capitalistas a mencheviques. Os contra-revolucionários, chamados Brancos, recebem ajuda do Reino Unido, da França, do Japão e, mais tarde, da Polônia.
            Consolidação da revolução – Trótski organiza o Exército Vermelho, responsável pela derrota dos contra-revolucionários e das forças externas. A vitória bolchevique instala o terror, com o fuzilamento de milhares de pessoas, incluindo o czar e sua família. O governo adota medidas para reduzir a fome e modernizar o país. Divide a terra dos kulaks, médios proprietários rurais, e os camponeses pobres organizam-se em cooperativas. Em 1921, com a revolução consolidada, Lênin estabelece a Nova Política Econômica (NEP), misto de socialismo e capitalismo, para vencer o impasse econômico. Permite a criação de empresas privadas e o comércio em pequena escala, sob a supervisão do Estado, e autoriza empréstimos externos. A formação da URSS, em 1922, tenta manter unidos diversos territórios do antigo Império Russo que pouco têm em comum. A morte de Lênin, em 1924, provoca uma luta pelo poder entre Trótski e Stálin, que possuem concepções diferentes de revolução. Trótski defende a revolução mundial, enquanto Stálin pretende implantar o socialismo apenas na URSS.

Veja esse vídeo com uma música sobre Revolução Russa:
https://www.youtube.com/watch?v=DnyB_h6UQYI