Guerras

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

"CICLO" DO CAFÉ NO BRASIL



7ª série – 8º ano – 4º Bimestre

 
CAFÉ - ORIGENS


Originário da Etiópia, onde já era utilizado em tempos remotos, o café atravessou o Mediterrâneo e chegou à Europa durante a segunda metade do século 17. Era a época do Barroco e das monarquias absolutas, e a expansão do comércio internacional enriquecia a burguesia. Já no início do século 18, os Cafés tornaram-se centros de encontro e reunião elegante de aristocratas, burgueses e intelectuais.

Precedido pela fama de "provocar idéias", o café conquistou, desde logo, o gosto de escritores, artistas e pensadores. Lord Bacon atribuía-lhe a capacidade de "dar espírito ao que não o tem". Os enciclopedistas eram adeptos fervorosos do café e dos Cafés, que Eça de Queiroz chegou a afirmar, muito depois, que foi do fundo das negras taças "que brotou o raio luminoso de 89", referindo-se às discussões entre iluministas que precederam a Revolução Francesa.

 

O PAÍS DO CAFÉ

 
As primeiras mudas da rubiácea chegam ao Brasil, contrabandeadas da Guiana Francesa por Francisco de Melo Palheta em 1727. Recebera-as de presente das mãos de Madame d'Orvilliers, esposa do governador de Caiena. Ora, como a saída de sementes e mudas de café estava proibida na Guiana Francesa, é licito pensar que o aventureiro português recebeu de Madame não só os frutos, mas outros favores talvez mais doces. As mudas foram plantadas no Pará, onde floresceram sem dificuldade. Mas não seria no ambiente amazônico que a nova planta iria tornar-se a principal do país, um século e meio mais tarde. Com o aumento do consumo, exigindo assim, o constante aumento da produção, o café saltou para o Rio de Janeiro, onde começou a ser plantado em 1781 por João Alberto de Castello Branco. Tinha início, assim, um novo ciclo econômico na história do país. Esgotado o ciclo da mineração do ouro em Minas Gerais, outra riqueza surgia, provocando a emergência de uma aristocracia e promovendo o progresso do Império e da Primeira República.

Mas é só a partir do começo do século XIX que a cafeicultura ganha o interesse dos grandes proprietários. Torna-se rapidamente a principal atividade agrícola do país, responsável por mais da metade da renda obtida com exportação As plantações multiplicam-se e, em meados do século XIX, o produto ocupa parte das terras de antigas lavouras de cana-de-açúcar e de algodão e grande porção do chamado Oeste Paulista. Essa vigorosa expansão da cafeicultura é resultado do crescimento do consumo nos Estados Unidos e na Europa e da crise que atinge importantes regiões produtoras, como Haiti, Ceilão (atual Sri Lanka) e Java, na Indonésia. Com o preço em alta nos mercados consumidores, o produto torna-se muito atraente e há, no Brasil, terras e escravos subutilizados em outras lavouras tradicionais de açúcar e algodão, além de solos novos e férteis, como a terra roxa do interior paulista. A crescente importância econômica faz dos produtores de café de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais o centro da elite dirigente do Império e da República, até quase meados do século XX.

Com a interrupção definitiva do tráfico de escravos africanos, em 1850, surge o primeiro grande problema: escassez de mão-de-obra. A solução encontrada é promover a vinda de imigrantes estrangeiros.

Expansão cafeeira – Das pequenas plantações nas vizinhanças da corte, entre 1810 e 1820, os cafeeiros espalham-se penetrando pelo vale do rio Paraíba, a mancha verde dos cafezais, que já dominava paisagem fluminense, chegou ao sul Minas e a São Paulo, que, a partir da década de 1880, passou a ser o principal produtor nacional da rubiácea (café). Na sua marcha foi criando cidades e fazendo fortunas.  Em meados do século XIX, ocupam parte das terras das antigas lavouras de cana-de-açúcar e algodão, e invadem o chamado Oeste Paulista, inicialmente a região de Campinas e Sorocaba, e, em seguida, Ribeirão Preto e Araraquara. No início do século XX, os cafezais cobrem extensa faixa paralela ao litoral das regiões Sul e Sudeste, que vai do Paraná ao Espírito Santo. A cafeicultura ganha a primazia entre as monoculturas exportadoras, desbancando a tradicional agricultura canavieira.

O sucesso e a vigorosa expansão cafeeira no Sudeste brasileiro durante o século XIX se devem a uma combinação de fatores. Há um cenário externo favorável, com o crescimento do consumo em diversas regiões do mundo, e uma crise em importantes regiões produtoras, soma-se a tudo isso as condições excelentes do solo da região sudeste do Brasil.


CAFÉ: UM IMPORTANTE INSTRUMENTO NO PROCESSO IMIGRATÓRIO.

 
A rápida ampliação das plantações de café cria também o primeiro problema: a escassez de mão-de-obra provocada pela interrupção definitiva do tráfico de escravos africanos em 1850. A solução encontrada é a atração de imigrantes, com o apoio oficial. Nas últimas décadas do século XIX, as fazendas de café recebem milhares de imigrantes europeus – italianos, portugueses, espanhóis, alemães, suíços e eslavos – e japoneses, que vêm trabalhar em regime de parceria, recebendo por produção ou como assalariados. Com a substituição progressiva do trabalho escravo pelo livre, a cafeicultura não apenas se desenvolve como também apressa o fim da escravidão.

O grande movimento imigratório para o Brasil foi patrocinado pelo governo imperial e por alguns governos provinciais a partir da segunda metade do século XIX. O objetivo era trazer trabalhadores aptos a substituir os escravos na agricultura e a executar tarefas necessárias à industrialização e ao desenvolvimento econômico. O movimento cresce a partir das décadas de 1870 e 1880 e se estende até meados do século XX. A onda imigratória iniciada no século XIX traz para o país cerca de 4 milhões de trabalhadores. A maioria vem da Europa, mas também é significativa a vinda de japoneses. Alguns grupos de imigrantes europeus, sobretudo italianos e espanhóis, trazem para o país as ideias anarquistas e socialistas, que são importantes para a organização e o desenvolvimento do movimento operário brasileiro.

            Primeiras imigrações - As primeiras experiências na substituição da força de trabalho escrava pela de imigrantes europeus começam a partir de 1819, com a instalação de colonos suíços na região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. O movimento imigratório se intensifica na segunda metade do século XIX com a expansão cafeeira na Região Sudeste do país e a escassez de escravos provocada pela abolição do tráfico em 1850.

Depois que grandes fazendeiros de café contratam estrangeiros para trabalhar em suas terras, os governos provinciais da região seguem o exemplo da iniciativa privada e desenvolvem programas de incentivo à vinda de trabalhadores de outros países, levando o Império a formular uma política oficial de imigração. Representantes do imperador brasileiro atuam em companhias internacionais de colonização sediadas em diversas cidades europeias. Com isso se estabelece um fluxo regular de chegada de estrangeiros aos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais, tradicionais zonas cafeeiras, e também ao do Espírito Santo, onde são instaladas áreas pioneiras de cultivo de café. Além da preocupação em obter mão-de-obra para a agricultura, há também o interesse de atrair a população branca para o país a fim de reduzir proporcionalmente a população negra e mestiça no Brasil.

Política do café – Nas primeiras décadas do século XX, a produção de café é reforçada por uma política governamental bastante favorável aos interesses do setor, que garante crédito, formação de estoques e intervenções no câmbio para compensar eventuais baixas dos preços internacionais. Isso tem efeito positivo: mantém o desenvolvimento da cafeicultura, possibilitando aos fazendeiros investir parte de sua renda em atividades comerciais e industriais, dinamizando a economia urbana. Mas tem igualmente um efeito nocivo: no final da década de 20, a produção interna (28 milhões de sacas anuais) é muito maior que a demanda externa (15 milhões).

Depois da Revolução de 1930 e dos abalos provocados pela crise econômica mundial, iniciada nos Estados Unidos em 1929, o governo Vargas mantém o apoio ao setor cafeeiro por meio do Conselho Nacional do Café e, ao mesmo tempo, decide impulsionar a industrialização. Para reduzir a oferta e melhorar os preços, manda queimar o café estocado, em torno de 70 milhões de sacas, e erradicar os cafezais mais velhos, pagando pequena indenização aos produtores. A longo prazo, a produção e a exportação voltam a equilibrar-se, sob a supervisão do Instituto Brasileiro do Café (IBC), criado em 1952. Na década de 50, as vendas de café ainda representam a maior parte do total exportado pelo país, e o Brasil permanece como o maior produtor mundial. Mas seu reinado absoluto na economia brasileira chega ao fim quando o setor industrial, a partir da segunda metade do século XX, torna-se o carro-chefe do desenvolvimento econômico nacional.


            INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA SUBSIDIADA PELO CAFÉ.


A indústria brasileira nasceu principalmente do capital proveniente do Ciclo do Café, justamente na região onde hoje é São Paulo, pegando algumas áreas do sul do RJ, sul de Minas e nordeste do Paraná.

A "Era Vargas" divide funções entre as regiões do Brasil:

·         O Sudeste seria a área industrial,

·         O Norte (Amazônia) seria responsável por fornecer matérias-primas pra indústria do Sudeste,

·         O Nordeste seria responsável por fornecer mão-de-obra pra indústria do Sudeste (foi quando nasceram os "paus-de-arara"),

·         O Sul seria responsável por fornecer comida para o Sudeste.

Nesse modelo, as regiões dariam todo o apoio pra indústria do Sudeste e todas elas só teriam uma opção de onde comprar produtos industriais: do Sudeste. Canalizando muitos recursos do país para cidades como São Paulo, ABC paulista, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Vargas ficou marcado por abrir e incentivar a abertura de grandes empresas com capital totalmente brasileiro, visando que o lucro não fosse enviado para fora: que ficasse dentro do Brasil para ser reinvestido dentro do nosso país.

O Brasil começou a implantar indústrias por um motivo principal: até então, o país importava quase todos os produtos industriais, mas com guerras e crises internacionais, os fornecedores foram perdendo capacidade produtiva e não tinham mais como fornecer tanto ao nosso país. Criou-se o que chamam de "indústria de substituição", ou seja, "já que os países que vendem para nós já não conseguem mais produzir, então vamos produzir nós mesmos".

Em 1929-30 fatos marcantes acontecem: crise internacional (quebra da bolsa de Nova York), Vargas chega ao poder e acaba o “Ciclo do Café”.

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