Guerras

terça-feira, 27 de setembro de 2011

IMIGRAÇÃO NO BRASIL


O grande movimento imigratório para o Brasil foi patrocinado pelo governo imperial e por alguns governos provinciais a partir da segunda metade do século XIX. O objetivo era trazer trabalhadores aptos a substituir os escravos na agricultura e a executar tarefas necessárias à industrialização e ao desenvolvimento econômico. O movimento cresce a partir das décadas de 1870 e 1880 e se estende até meados do século XX. A onda imigratória iniciada no século XIX traz para o país cerca de 4 milhões de trabalhadores. A maioria vem da Europa, mas também é significativa a vinda de japoneses. Alguns grupos de imigrantes europeus, sobretudo italianos e espanhóis, trazem para o país as idéias anarquistas e socialistas, que são importantes para a organização e o desenvolvimento do movimento operário brasileiro.
Abaixo podemos observar um documento emitido aos representantes diplomáticos do Brasil na Europa, estimulando a vinda de estrangeiros ao Brasil:

Carta circular do Ministro dos Negócios Estrangeiros Aureliano de Sousa Coutinho escrita em novembro de 1841 aos representantes diplomáticos do Brasil na Europa, estimulando o aumento de migrantes para o Brasil em meados do século XIX.

"Desejando o governo imperial preencher o vácuo que deixa nos trabalhos agrícolas do Brasil a cessação do comércio de escravos, cuja introdução por contrabando ainda tem continuado apesar dos esforços do mesmo governo, e sendo o melhor meio de conseguir-se tão interessante objeto o promover-se na Europa a emigração de colonos úteis para o Império: tenho de recomendar-lhe que procure por publicações adequadas, em que faça conhecer quanto podem lucrar os homens industriosos vindo estabelecer-se neste abençoado País, e pelas formas que mais convenientes lhe parecerem, que em lugar de se dirigirem para os Estados Unidos tantos emigrados, se transportem antes para o Brasil. Tendo, pois, muito em vistas este assunto, V. me comunicará quaisquer idéias que lhe ocorram a respeito, entendendo-se também com os outros agentes diplomáticos na Europa, se preciso for; podendo V. convidar mesmo e insinuando aos cidadãos industriosos desse país a que emigrem para o Brasil, onde acharão todas as vantagens e segura proteção da parte do governo imperial"
GASMAN, Lydinéa. Documentos históricos brasileiros. Brasília, MEC/FENAME, 1976, pág. 136

            Primeiras imigrações - As primeiras experiências na substituição da força de trabalho escrava pela de imigrantes europeus começam a partir de 1819, com a instalação de colonos suíços na região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. O movimento imigratório se intensifica na segunda metade do século XIX com a expansão cafeeira na Região Sudeste do país e a escassez de escravos provocada pela abolição do tráfico em 1850.
Depois que grandes fazendeiros de café contratam estrangeiros para trabalhar em suas terras, os governos provinciais da região seguem o exemplo da iniciativa privada e desenvolvem programas de incentivo à vinda de trabalhadores de outros países, levando o Império a formular uma política oficial de imigração. Representantes do imperador brasileiro atuam em companhias internacionais de colonização sediadas em diversas cidades européias. Com isso se estabelece um fluxo regular de chegada de estrangeiros aos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais, tradicionais zonas cafeeiras, e também ao do Espírito Santo, onde são instaladas áreas pioneiras de cultivo de café. Além da preocupação em obter mão-de-obra para a agricultura, há também o interesse de atrair a população branca para o país a fim de reduzir proporcionalmente a população negra e mestiça no Brasil.

            Colonização no Sul - O governo incentiva ainda a imigração estrangeira para as províncias do sul do país, que se tornam estratégicas depois da Guerra do Paraguai. No caso, o objetivo é menos o de substituir a mão-de-obra escrava do que o de povoar áreas de densidade demográfica muito baixa. Até a proclamação da República (1889), mais de 1,5 milhão de imigrantes portugueses, espanhóis, italianos, alemães, poloneses, eslavos e judeus, entre outros, chegam ao Brasil. A maioria vai para as plantações de café do Sudeste, mas muitos se dirigem às colônias do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

            Japoneses - Com a República, mantém-se o incentivo à imigração estrangeira, agora com a participação mais acentuada dos asiáticos, sobretudo japoneses. Durante a II Guerra Mundial, a imigração européia diminui com as restrições impostas a italianos e alemães, e a entrada de japoneses é suspensa. Restabelecida no período do pós-guerra, o ciclo dessa imigração iniciado no século XIX prossegue até o início da década de 60, quando é praticamente encerrado. Entre os anos 80 e 90, o Brasil volta a receber grupos de imigrantes, na maioria vindos da Ásia, da África e de países da América Latina, como coreanos, nigerianos e argentinos, muitos entrando de forma irregular no país. O Censo de 2000 confirma que a imigração para o Brasil está crescendo, ainda que de maneira bem menos acelerada que no passado.

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