Guerras

terça-feira, 15 de março de 2011

Revolução Cubana

Che Guevara e Fidel Castro, durante a Revolução Cubana

Movimento revolucionário em Cuba que derruba a ditadura de Fulgencio Batista, em 1959, e instaura o único governo latino-americano baseado no modelo soviético. O regime, de partido único, promove amplos avanços sociais no país, em particular na saúde pública e na educação, e reivindica-se socialista até hoje.
            Cuba permanece juridicamente como um protetorado norte-americano até 1934. Os Estados Unidos (EUA) mantêm na ilha a base naval de Guantánamo e o direito de intervir em seus assuntos internos. Vários governos corruptos se sucedem no início do século, culminando com o brutal e autoritário regime de Gerardo Machado (1925-33), que estimula a abortada revolução de 1933-34. O ex-sargento Fulgencio Batista aproveita-se do levante popular e toma o poder, que fica sob sua chefia até 1944. Em 1952, Batista dá um golpe de Estado e estabelece uma ditadura, de caráter corrupto e impiedoso. Os setores açucareiro, de mineração, turismo e jogo atraem para Cuba investimentos norte-americanos, mas a prosperidade não beneficia a maioria da população.
            A oposição à ditadura cresce, particularmente entre o proletariado urbano e a juventude universitária. Jovens rebeldes liderados por Fidel Castro organizam, em 26 de julho de 1953, um ataque ao quartel de La Moncada, na cidade de Santiago de Cuba. O grupo é derrotado e sofre pesadas baixas. Castro é preso e, ao ser libertado, exila-se no México, onde organiza o Movimento 26 de Julho. Em dezembro de 1956, Castro e um pequeno grupo de 82 guerrilheiros, do qual participam o argentino Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos, chegam a Cuba no iate Granma. O grupo é atacado pelo Exército e dispersa-se, sendo reduzido a 12 homens, que conseguem chegar à Sierra Maestra com a ajuda de camponeses. Ali, junta-se a outros grupos guerrilheiros. Ao mesmo tempo, a mobilização nas cidades contra a ditadura se desenvolve. Em janeiro de 1957, uma greve paralisa quatro cidades no leste da ilha. Organizações do Movimento 26 de Julho constituem-se nas cidades e dão apoio político ao grupo de Castro.
            O exército de Batista tem 70 mil homens bem armados, enquanto a guerrilha conta com no máximo 5 mil, muitos sem fuzis. O crescimento da luta contra Batista e sua derrubada explicam-se pela crise do regime e o forte movimento de massas, entre os camponeses e trabalhadores urbanos, que dá sustentação à atividade da guerrilha. Combates se desenvolvem por dois anos. O Movimento 26 de Julho começa a tomar várias cidades em direção a Havana, a capital, enquanto o Exército e as instituições da ditadura se desagregam. Batista e membros do governo, apoiado até o fim pelo governo dos EUA, fogem. Em 1º de janeiro de 1959, os guerrilheiros entram em Havana, em meio a gigantescas manifestações populares.
            Fidel Castro torna-se primeiro-ministro e promete eleições em 18 meses. O governo revolucionário não se alinha neste momento à União Soviética (URSS) e promove uma série de medidas com o objetivo de implantar a igualdade e a justiça social. Realiza a reforma agrária, nacionaliza empresas estrangeiras, abre 10 mil salas de aula para erradicar o analfabetismo e reajusta os salários dos trabalhadores.
            O choque entre as reformas colocadas em prática e os interesses dos EUA leva ao rompimento das relações diplomáticas entre as duas nações, em janeiro de 1961. A tensão cresce em abril, quando exilados cubanos treinados e equipados pela CIA desembarcam na baía dos Porcos, numa tentativa frustrada de derrubar o regime cubano. Em dezembro, Castro anuncia a adesão do Estado cubano ao socialismo e a aproximação com a URSS. Em 1961, também, ocorre a fusão do Movimento 26 de Julho com o partido ligado a Moscou, o Partido Socialista Popular, que havia sustentado a ditadura de Batista e era contrário à revolução até cinco meses antes de seu triunfo. Da fusão nasce a única organização partidária considerada legal no país, o Partido Unido da Revolução Socialista, mais tarde chamado de Partido Comunista Cubano (PCC).
            Os EUA decretam em 1962 bloqueio econômico e político contra Cuba, que é expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA). Como o país vendia açúcar e charutos aos EUA e importava dos norte-americanos diversos produtos essenciais a sua economia, o bloqueio traz problemas sérios. Isso leva o governo Castro a uma aproximação maior com a URSS, que fornece ajuda financeira, técnica e militar para a estruturação do país de acordo com os moldes socialistas. Em outubro de 1962, o governo norte-americano descobre que há mísseis soviéticos na ilha e ameaça atacar o país, expondo-se ao risco de iniciar uma guerra nuclear com a URSS. Os EUA impõem bloqueio naval a Cuba e os mísseis são retirados pela URSS.
            A partir de 1965, Cuba passa a incentivar movimentos revolucionários de esquerda na América Latina e na África. "Che" Guevara morre em 1967, executado por soldados do Exército, quando tentava organizar um movimento de guerrilhas no interior da Bolívia.
            As realizações da revolução garantem amplo apoio popular ao regime. A miséria e o desemprego desaparecem e os preços dos aluguéis tornam-se extremamente baixos. O analfabetismo é eliminado em 1964, após uma campanha que envolve 271 mil voluntários. O ensino, a justiça e a assistência médica passam a ser gratuitos. Na economia, as esperanças iniciais de diversificação e de industrialização não se realizam. Em 1972, Cuba entra no Conselho de Mútua Assistência Econômica (Comecon), o mercado comum dos países do bloco socialista, no qual recebe tratamento preferencial: exporta açúcar e importa petróleo a preços favorecidos. A subsistência do país continua a se basear na exportação de açúcar e nos subsídios soviéticos. A produção agrícola deficitária e a manutenção do bloqueio provocam a escassez de alimentos, e o racionamento é imposto. A frustração com o regime leva a um êxodo de 125 mil cubanos em 1980. Com o desmantelamento do Comecon e da URSS, em 1990 e 1991, respectivamente, o país enfrenta grave crise econômica. Os trabalhadores recebem salários baixos e há racionamento de alimentos. A partir de 1992, delineia-se certa abertura econômica e política, com vistas a combater a crise no país.



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